Pense naquele momento em que você sai do trabalho e a única coisa em mente é chegar em casa. O problema é que entre você e o tão almejado desejo está todo o caminho a percorrer. O desafio é enfrentar o trânsito, domá-lo, ignorá-lo (improvável), tentar administrar a espera. Em meio ao tráfego você está preso numa onda, quase sempre desagradável, que não lhe leva nem perto da velocidade ideal, uma marola resistente que lentamente, quase parada, leva-lhe à praia, à margem, ao lar.
Se você enfrenta isso todos os dias faz parte da poesia rotineira criada pelo trânsito. E as palavras deste poeta das ruas surgem pingadas, sufocantes...estressantes.
TRÂNSITO
A referência
é movimento
É o mergulho
no caos
Na estreita
linha asfáltica
Que separa o
lá
E o cá
Há os que querem ir
E outros que
desejam voltar
No coletivo
...
O olhar é
cansado
No particular
...
O suspiro é
intimo
Um livro pra
ler
Uma música
pra ouvir
Uma história
a lembrar
E lá fora
O mundo a
buzinar
Embora a
continuidade
Seja a alma
do movimento
O adiante insiste
estacionar
Assim...
A viagem
segue,
Não segue,
segue
Não segue ...
O eterno
chacoalhar
Do não andar
Ao findar o
trajeto rotineiro
Tende o
coração a relaxar
E a mente ...
Ainda
desperta arrisca pensar
Amanhã ... terei eu ...
O mesmo
caminho a trilhar ?
L.A.