quinta-feira, 31 de outubro de 2013

Uma Onda Chamada Trânsito


Pense naquele momento em que você sai do trabalho e a única coisa em mente é chegar em casa. O problema é que entre você e o tão almejado desejo está todo o caminho a percorrer. O desafio é enfrentar o trânsito, domá-lo, ignorá-lo (improvável), tentar administrar a espera. Em meio ao tráfego você está preso numa onda, quase sempre desagradável, que não lhe leva nem perto da velocidade ideal, uma marola resistente que lentamente, quase parada, leva-lhe à praia, à margem, ao lar.
Se você enfrenta isso todos os dias faz parte da poesia rotineira criada pelo trânsito. E as palavras deste poeta das ruas surgem pingadas, sufocantes...estressantes.




TRÂNSITO

A referência é movimento

É o mergulho no caos

Na estreita linha asfáltica

Que separa o lá

E o cá

 Há os que querem ir

E outros que desejam voltar

No coletivo ...

O olhar é cansado

No particular ...

O suspiro é intimo

Um livro pra ler

Uma música pra ouvir

Uma história a lembrar

E lá fora

O mundo a buzinar

Embora a continuidade

Seja a alma do movimento

O adiante insiste estacionar

Assim...

A viagem segue,

Não segue, segue

Não segue ...

O eterno chacoalhar

Do não andar

Ao findar o trajeto rotineiro

Tende o coração a relaxar

E a mente ...

Ainda desperta arrisca pensar

Amanhã  ... terei eu ...

O mesmo caminho a trilhar ?
L.A.

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

O Teu Corpo


As palavras podem desnudar um papel (ou uma tela em branco) como as mãos desnudam o corpo do ser amado. É quase uma invasão, um inevitável confronto de desejos, sussurros e entrega.

Rendição...perdição.

No teu corpo...não há meias palavras. Só a verdade...crua...e nua. 




CORPO (O TEU)

Se não o vejo

Imagino-o

Se não o tenho

Recrio-o

Percorrê-lo ao meu toque

Desnudá-lo ao meu olhar

Teu corpo...

Tua arte em curva

É templo da minha existência

Do eu...

Da minha vida em ti

Por ti sonho ...

Por ti deito ...

Por ti me sinto refeito

No teu corpo

Repousa o meu

No mais doce acalanto

Na mais serena vontade

Me recobre com a tua verdade

Me aquece com seu ardor

Se faz minha ...

Pela saudade

Se faz minha ...

Pelo amor

No teu corpo

Não há nós, não há dois

No teu corpo ...

Não há vazio algum

Nele não cabe o plural

Somos singular ... individual

Somos a parte e o todo ...

O meio e a beira

A água e a fogueira

Somos um ...

Um imenso

De uma alma inteira

L.A.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

O Futuro

Você já se pegou pensando adiante? Assim...distante? Já se furtou aos devaneios de algo não realizado, mas nem por isso menos desejado?
 
O futuro é por nós planejado como se só dos planos dependesse, como se bastasse apenas projetá-lo e lá estará ele na próxima esquina a nos esperar.
 
A verdade é que não há garantia, nem certezas absolutas. Estamos nós aqui e ele (futuro) lá e entre nós, um universo de desejos, apostas e esperanças.
 
O futuro nada mais é que o próximo passo, a próxima virada na chave, a próxima escolha. Nem muito longe, nem muito perto, simplesmente, o a seguir.  
 
 
FUTURO
Quero te encontrar
Mas pergunto
E você ...
O que quer ?
Do olhar desperto do dia
Ao entorpecer da noite
Te procuro em cada cantinho meu
Do pensar ao fazer
Do crer ao refazer
Do anterior ao seguinte segundo
Te desenho no íntimo
Sem mesmo olhar a tua forma
Tira das minhas mãos o teu rascunho
E floresce em mim o teu retrato
Se faz hoje e não amanhã
Constrói agora e não depois
Futuro ... te quero!
Sem os desejos e os acertos
Com os pesares e desilusões
Futuro chega agora !
O passado murchou
O presente acabou
Futuro ... não demora
Apressa a tua viagem
Pois ...
é chegada a hora
L.A.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

A Saudade

"Luto preto é vaidade pra quem se veste a rigor. O meu luto é a saudade e saudade não tem cor".
 
O jeito de brincar com as palavras de Noel Rosa lembra o de uma criança que brinca de pintar, de um jovem que se deixa apaixonar, da maturidade que se rende diante da inevitável ausência, que se dobra frente a saudade que bate. Pode ser a saudade de casa, de um lugar, dos amigos, dos filhos, do outro ou simplesmente, a saudade de sentir saudade.
 
Um coração cheio de saudade nunca está só.
 
 
SAUDADE
 
O que sussurra a saudade?
 
O que conta ao pé do ouvido?

Fala do passado esquecido

Do presente perdido

Do futuro empobrecido

O que diz a saudade?

Fala do choro que rola

Do olhar que se isola

Da dor que não demora

O que revela a saudade?

Uma cama que não aquece

Um amor que não se esquece

Um sonho que não adormece

E...

O que há de bom na saudade?

Uma foto a admirar

Um olhar a quem deixar

Um coração a quem entregar

E a saudade?

Bem ...

Essa ...

Faz parte do AMAR.
 
L.A.

domingo, 27 de outubro de 2013

A Primeira Escrita


Sempre peguei-me diante do papel a rabiscar. Um desenho sem jeito, um poema atravessado, um pensamento escondido. Compartilhei com alguns esse prazer de redescobrir a magia de escrever com formas e trejeitos, quase como se um desenho fosse. Neste mundo de tecladas e curtidas, de fotos e vídeos, a palavra nos une cada vez mais. Você que por aqui passear traga o prazer da sua companhia e leve sempre, sem dó e piedade, o melhor que considerar de mim. E mesmo que nada seja, que seja um nada repleto, pleno, porque somente assim vale viver. Plenamente completo!




ESCREVER

Escrever é paixão

Algo livre

Sem medição

Escrever é mudar

Criar

Algo novo

Sem pestanejar

Escrever é assim

Parte de mim

Rasgo no tempo

De um preciso argumento

De um teclado vazio

Desocupado

Sozinho

Só pra me lembrar

Daquilo que sobra

E não vai embora

Teima em ficar

Tesouro que só a escrita

Consegue guardar

L.A.